Eu digo NÃO!

Em defesa da língua portuguesa, o autor deste blogue não adopta o "acordo ortográfico" de 1990 por este ser inconsistente, incongruente e inconstitucional, para além de, comprovadamente, ser causa de crescente iliteracia em publicações oficiais e privadas, na imprensa e na população em geral.


10/02/2009

Penedo "Branco"

Haverá muita gente de Galegos Santa Maria que desconhece, ou nunca ouviu falar, do penedo "branco", nem tão pouco onde se situa!
Na vertente sul do monte do Facho, da Serra de Oliveira, virada a meias para Galegos Santa Maria e Galegos São Martinho, quem com alguma atenção olhar para lá, depressa dará conta de um penedo com a parte superior pintada de branco, evidência facilmente constatável, mesmo em Barcelos ou de quem lá vem a caminho de casa por alturas de S. Veríssimo.
Embora não tenha nada de especial, sempre me fascinou a sua pintura e a curiosidade em saber porque faziam aquilo ao penedo, pelo que não resisti e, já por diversas vezes, em cima dele contemplei a paisagem que de lá se vislumbra desde a igreja de Vilar de Frades até Barcelos, passando pelo monte de Airó, monte da Franqueira e toda a área que se abarca do sopé do monte do Facho ao rio Cávado, maravilhoso e um regalo para os olhos.
Quanto à razão para a sua pintura, bom, há pelo menos duas versões:
A primeira, diz que o sr. José Martins (Penis), de Casal do Monte, já falecido, pintava o penedo para facilmente mostrar ou apontar o local da sua bouça às pessoas que transportava, já que era motorista, era pelo menos isto que dizia na barbearia do meu tio Manuel "barbeiro" de Portela.
A segunda, é mais lenda e segue uma possível tradição perpetuada ao longo dos anos, conforme me confidenciou o sr. António Martins, filho do sr. José Martins acima. Diz este que a pintura do penedo tinha a haver com os antigos habitantes da citânia do Facho, pois serviria como ponto de referência para que quem subisse o rio Cávado comunicasse a sua chegada através de sinais dirigidos ao penedo "branco", manifestando a sua intenção pacífica e amigável, assegurando desta forma protecção para o resto do caminho.
Não sei até que ponto serão verdadeiras estas versões, ambas terão o seu quê de verdade e imaginação, contudo a primeira, pela singularidade e simplicidade parece-me mais credível e com razão de ser, os homens em todas as alturas da história sempre gostaram de mostrar vaidosa e orgulhosamente aos outros as suas riquezas, o sr. Martins não seria excepção.
Contudo, há uma terceira explicação para o facto do penedo aparecer pintado de branco, esta outra hipótese é minha e tem a haver com a separação entre as freguesias de Galegos Santa Maria e Galegos São Martinho. Não é por acaso que o marco da bouça de Chães, ou Chãos, se encontra situado nas costas deste, a uns 40 metros, alinhando deste marco até Penelas, não ao marco no sr. Joaquim Araújo, mas antes ao que se situava em frente da casa do sr. Armindo Alfaiate.
Quem verificar a linha que liga os dois pontos em questão, mesmo que o marco seja o do sr. Joaquim Araújo, repara que a linha passa pelo antigo aviário dos Ermidas, segue pelos campos em direcção ao topo nascente do prédio de Souto de Oleiros, passa pelo terreno da Fidalga e, mais ou menos, segue o caminho de Penelas, mas só a partir da Fidalga, esta é que deve ser a verdadeira razão da pintura no penedo, tornando-o visível para que fosse fácil as pessoas avaliarem a fronteira entre as duas freguesias.
Não encontro melhor razão para tal, a pintura do penedo é sem sombra de dúvidas a melhor forma de encontrar os limites entre as duas freguesias, até porque não existem mais marcos no espaço compreendido entre o de Chães, ou Chãos, e o de Vilar, ou Telheira, e bastava alguém situar-se num destes para obter uma clara e inequívoca linha de demarcação, tão simples quanto isso, até porque os pinheiros e eucaliptos são coisa do século XX, os nossos antepassados tinham melhor visão do monte do Facho do que nós, a floresta "tem sobreiros, castanheiros, carvalhos, nas fraldas pinheiros", como escreveu o abade de Galegos Santa Maria e sua anexa de Quirás, Baltasar Ferreira da Silva no inquérito remetido ao Rei D. José e ao Marquês de Pombal - Memórias Paroquiais de 1758.
Um dia destes voltarei à carga sobre este assunto dos limites com Galegos São Martinho, entretanto se alguém souber mais qualquer coisa sobre este assunto, "me avisa, vai"!

1 comentário:

Anónimo disse...

Bem, eu propria, que sou bisneta do sr.jose, nao sabia destas historias...