Eu digo NÃO!

Em defesa da língua portuguesa, o autor deste blogue não adopta o "acordo ortográfico" de 1990 por este ser inconsistente, incongruente e inconstitucional, para além de, comprovadamente, ser causa de crescente iliteracia em publicações oficiais e privadas, na imprensa e na população em geral.


31/10/2008

Alminhas de Aldeia

Alminhas de Aldeia, incorporadas na parede da casa do Sr. Manuel Macedo, no lugar de Aldeia, são, a meu ver, as mais bonitas de todas as existentes em Galegos.
Artisticamente trabalhadas em pedra, de linhas sóbrias e geométricas, destacam a figura de Cristo pregado na cruz, tendo a ladear Santo António com o Menino ao colo e a Srª do Carmo, tendo na mão esquerda Jesus ao colo e na outra o escapulário. Mais abaixo, anjos a consolarem as almas em sofrimento reparador.
Uma placa de vidro protege a pintura.

30/10/2008

Capela de S. João

"A capela de S. João, pequenina, tem uma galilé suspensa em 6 colunas. Dentro é forrada a madeira e o seu único altar em boa talha", este era o comentário de Teotónio da Fonseca no seu livro "Barcelos Aquém e Além Cávado" de 1939.
Em 2007 a capela foi objecto de obras de restauro e conservação mantendo a sua estrutura e traça original.

29/10/2008

Igreja Paroquial

Igreja Paroquial de Galegos Santa Maria.
Teotónio da Fonseca, na sua obra "Barcelos Aquém e Além Cávado", editada na década de trinta ou quarenta do século passado, escreve:
"A igreja paroquial tendo sofrido grandes obras e reformas nos princípios do século e outras posteriores ficou um templo amplo e espaçoso. A sua fachada moderna é amparada do lado esquerdo por uma alta e sólida torre para os sinos, seguindo-se-lhe a sacristia e arrumações. Nos outões das paredes do edifício sobressaem dos telhados seis bem trabalhadas pirâmides. Dentro, a capela-mor foi há poucos anos forrada a madeira em caixotões e a tribuna do seu altar-mor é em estilo antigo. O corpo da igreja é também forrado a madeira em caixotões e no sanefão, que reveste o arco cruzeiro, tem gravada a data 1909. Junto a este arco está de cada lado o seu altar, seguindo-se-lhe do lado direito dois e do lado esquerdo uma capela, sendo estes altares todos em estilo moderno. Tem púlpito antigo e no coro, reformado há poucos anos, excepto uma saliência do mesmo lado esquerdo, que é antiga, tem gravada a data de 1903. A pia baptismal, em granito bem trabalhado, tem a seguinte inscrição "A.L.F.1903".

28/10/2008

Primeira referência.

Segundo se crê, a primeira referência a Galegos Santa Maria, muito antes do o ser institucionalmente, remonta ao longínquo ano de 1081, numa altura em que reinava Afonso VI de Leão e Castela, num documento compilado na obra de Alexandre Herculano: "Portugaliae Monumenta Historica", na secção "Diplomata et Chartae", que constava do Tombo de São Simão da Junqueira.
Nele se descreve um testamento feito por Gondisalvus Luz a sua filha Unisconi, como dote de casamento, a doação de uma série de villas entre os rios Lima e Mondego, com os seus servos, os filhos destes e netos, animais e haveres.
Aqui transcrevo o mais importante:
... Et ego Gondisalvus luz dou a tivi dulcissima mea Unisconi Prolix sosediz in titulum dotis Villas pronominates inter Limia et Katavo: Villa Quiriaz cum ajunctionibus suis, Villa Argunli cum ajunctionibus suis, Villa Gallegus cum ajunctionibus suis, Villa Frigida cum ajunctionibus suis, Villa Mediana cum ajunctionibus suis. ...
... id et prenominatos mancipios, et mancipias, cum filis e neptis; kavalos cum frenis, et celas numeratos viginti; hecoas numeros sex; vestitus natrom quales omnes pertine; vacas bitulatas quadraginta; pegora permista numerum tercentum; ... notum die erit octavo kalendas magii era milesima centesima decima nona. ...
Sabemos que outros "Galegos" existem, mas não entre o rio Lima e Cávado, pelo que só se podem estar a referir a Galegos Santa Maria.
Mais, como podem verificar, também se referem à Villa de Quiriaz, ora Quiraz esteve desde sempre ligada a Galegos como sua anexa em termos religiosos, já que era o Abade de Galegos quem nomeava o padre para lá, o que nos leva a supor, como aliás o Dr. Francisco Almeida já aventava nos seus escritos sobre a nossa história, esta ligação venha dessa altura, o que reforça ainda mais esta convicção de que a Villa Gallegus mencionado no testamento, se trata efectivamente de Galegos.
Com a reforma administrativa de 1835, que reformulou o mapa administrativo de Portugal, o concelho de Prado acabou e as suas freguesias foram distribuídas pelos concelhos de Vila Verde, Braga e Barcelos, sendo Quiraz incorporada na paróquia de Roriz.

27/10/2008

LIMPEZA!

Com conhece, como eu, as ruas e caminhos desta terra, com certeza que não lhe passará em branco a falta de civismo e educação que por aí campeia. É que só se vê sacos e garrafas de plásticos, latas de bebidas e até garrafas de vidro espalhadas por tudo quanto é canto.
As pessoas são comodistas, não se preocupam em deitar esse lixo para o caixotes ou até guardar no carro para depois as meterem nos contentores, pura e simplesmente largam, atiram ou deixam cair sem se importarem se alguém vai limpar, não é problema delas.
Mas será que também fazem isso nas suas próprias casas? Se não o fazem, porque o fazem nos locais públicos? Não custa nada dar meia dúzia de passos até um caixote ou recipiente para isso, mas não, atiram para o chão, não importa que seja plástico, metal ou vidro, quem quiser que limpe depois. Triste povo, é por isso que não vamos a lado nenhum...
Para além desta situação, quem nunca reparou na quantidade de ervas e silvas que "ornamentam" quase todos os caminhos e ruas desta terra! Infelizmente não é só um problema de Galegos Santa Maria, as outras freguesias vizinhas também sofrem deste mal, umas mais que outras. De toda a maneira é incompreensível que a grande maioria das ruas e caminhos estejam por limpar durante meses ou até anos, principalmente nas vias consideradas "sala de visitas", como a rua da Tulipa à Igreja, as zonas urbanizadas (loteamentos) e a via Bogas/Eirôgo.
E não pensem que me estou só a referir à responsabilidade da Junta de Freguesia, a esta pertence a grande quota parte da responsabilidade, mas todos nós que aqui moramos somos também responsáveis por este estado das coisas, porque não custa nada limpar, não digo todos os dias, nem todas as semanas, mas pelo menos uma vez por mês a área correspondente à frente das nossas propriedades, bastava isto para que se notasse uma melhoria substancial no aspecto geral da freguesia, tão simples quanto isso...
Com algum esforço e colaboração de todos podemos contribuir para um ambiente mais salutar e limpo às nossas ruas e caminhos, esforcemos-nos por isso, Galegos Santa Maria agradece.

26/10/2008

Três numa!

Convocatória: A Associação Galo Novo I.P.S.S. convoca uma assembleia geral para o próximo dia 31 de Outubro de 2008, pelas 21:00 horas, na sua sede, para:
- Eleger os Órgãos Sociais para o triénio 2008/2011;
- Outros assuntos.
As listas devem ser entregues até ao dia 27/10/2008 ao Presidente da Assembleia Geral.
Santa Maria F.C.: O S.M.F.C. empatou a duas bolas na sua deslocação ao U. Torcatense no passado sábado (25/10/2008). Na tabela classificativa ocupa o 11º lugar, com 9 pontos, sendo que o líder é o Martim com 17 pontos.
Obitário: Faleceu o Sr. Agostinho Alves São Bento, residente no lugar de Portela, e o funeral realiza-se segunda-feira-se pelas 16:30 horas. Aos seus familiares directos, esposa e filhos (José, Glória, Alice, Fátima e Adelino) apresento os pêsames e condolências.

24/10/2008

Regresso ao passado.

Termas do Eirôgo no início do século XX
Estrada Carvalhal / Eirôgo
Estrada do lugar de Eirôgo / Termas
Para ver estas e outras fotos antigas, consulte o link ao lado (hiperligações) do "barcelos-antigo".

23/10/2008

Domingos "Côto" e o clã "Côto".

De seu nome verdadeiro, João Domingos da Rocha, nasceu em 1877, em Galegos Santa Maria, e a ele se atribui a elaboração do primeiro exemplar do célebre Galo de Barcelos, embora esta teoria não seja unânime.
Era filho de João Baptista da Rocha e de Ana da Rocha, iniciando-se cedo na arte da olaria e do figurado. Aos 21 anos de idade casou com Emília Maria de Faria, com quem teve oito filhos. Rosa, João e António "Côto" seguiram-lhes as pisadas. Este grande nome do artesanato barcelense morreu, aos 71 anos, a 1 de Maio de 1959.
Clã "Côto":
Rosa Faria da Rocha, vulgo Rosa "Côto", nasceu em Galegos Santa Maria, a 24 de Maio de 1901. Filha de Domingos "Côto", cedo se deixou seduzir pelos encantos do barro. Inicialmente, o figurado desta, pautava-se pela simplicidade, representando quadros usuais do dia-a-dia. Foram, porém, os "gigantones" e os "taralhotos" - peças com certas excentricidades - que a celebrizaram e lhe deram reconhecimento público.
A sua arte valeu-lhe várias distinções em feiras de artesanato por todo o País. Faleceu, aos 81 anos, a 30 de Janeiro de 1983. Legou para a eternidade um património memorável e contribuiu sobremaneira para o simbolismo da arte popular barcelense.
João "Côto", João Faria da Rocha, nasceu a 10 de Agosto de 1912, em Galegos Santa Maria. A arte de moldar o barro herdou-a dos seus pais. Aos 15 anos, tornou-se rodista, ofício que exerceu durante vários anos. Começou por fazer peças de cariz utilitário, como era tradição na altura, aventurando-se, mais tarde, na feitura de galos. Em 1976, passou a dedicar-se ao figurado, modelando situações do quotidiano, reflexo da sua simples forma de viver.
As alminhas, os apitos e as juntas de bois fizeram de João "Côto" um dos artesãos mais distintos da sua geração. Faleceu a 19 de Novembro de 2001, deixando para a posteridade um importante legado artesanal.
António "Côto" ou António Faria da Rocha, nasceu no dia 15 de Maio de 1913, na freguesia de Galegos Santa Maria. Tal como os irmãos, herdou o talento dos pais, iniciando-se nestas lides em tenra idade. Enquanto principiante da arte, ajudava na modelação de louça à roda e de pequenas peças de figurado. Infusas, cântaros e canecas são alguns exemplos característicos da olaria rústica, o tipo de artesanato que melhor fazia. Casou com Maria "Sineta" - outra ilustre artista do panorama artesanal barcelense - António "Côto", também ajudava a esposa na produção de figurado. Mais tarde, deu forma a uma série de criações próprias ao nível do figurado. Sucumbiu em pleno brotar do Outono, a 24 de Setembro de 2000.
Analfabeta, mas com uma imaginação prodigiosa, Júlia "Côto" aprendeu a assinar as suas peças, com um "JC", com uma senhora de Barcelos. (Re)cria o mundo ao seu jeito com pedaços de barro há mais de sessenta anos. Nascida em finais da década de 30, do século XX, em Galegos Santa Maria, filha de Rosa "Côto", cedo se iniciou nas lides da cerâmica, começando a "estragar" barro aos 9 anos, como ela própria relembra. Começou por ajudar a moldar alguns acrescentos, como sapatos ou corninhos, para as peças da mãe. Mais tarde, depois de casada, trabalhou durante um ano numa fábrica, onde se dedicava à pintura de galos. Convidada pelos pais para trabalhar com eles, foi a partir daí que começou a ganhar o gosto pela arte. Religiosa assumida, a artesã diz que foi Deus que a iluminou e lhe deu forças para continuar com o encargo que sobre si recaiu quando sua mãe faleceu e teve de assumir as rédeas do negócio familiar. "Era a minha missão" considera.
Júlia "Côto" desenvolveu um estilo de figurado muito particular, dando corpo a um "mundo fantástico, alegre e colorido", traços que caracterizam precisamente a sua personalidade. Diz ser uma mulher "autêntica, divertida e aberta".
Das peças que faz, as bonecas são as preferidas, adorando pintá-las. Destas, a que lhe deu mais prazer fazer, e que não vende por dinheiro nenhum, é a "Boneca Peixeira", criada já há sete anos, com cerca de meio metro, é a sua menina-dos-olhos.
Mas nem só de bonecas vive Júlia: galos, galinhas, diabos, bandas de música, santos populares, deuses, cabeçudos, juntas de bois, casal de noivos, entre outras, também fazem parte do espólio da ceramista.
O seu maior desgosto é não ter quem lhe queira seguir as pisadas neste ofício, "mas o que é que eu vou fazer?!", interroga-se.
(Excertos de uma reportagens do Barcelos Popular)

22/10/2008

Plano de Urbanização.

Está a decorrer o prazo de discussão pública do plano de urbanização de Galegos Santa Maria.
O prazo decorre entre 07/10/2008 a 14/11/2008 e todos aqueles que quiserem dar o seu parecer, devem seguir as instruções contidas na página que abaixo apresento.
Embora reconheça que é um bom plano de urbanização, este não está isento de algumas situações pouco claras e até simuladas nas boas intenções.
Se este plano for aprovado, aqueles que querem utilizar o "passal" para aí instalar equipamentos de apoio para a terceira idade, já que o actual centro não está disponível para isso, terão uma boa hipótese de o conseguirem, só que dará muito trabalho!
Pronto, aqui vai o endereço e não se esqueçam de o consultar e discutir. Aliás, na própria sede da Junta de Freguesia estão afixados os respectivos planos, por isso não há razão para que os interessados não se pronunciem sobre o assunto.

21/10/2008

"MISTÉRIO"

Domingos Gonçalves Lima - "Mistério", nasceu a 29 de Agosto de 1921 em Galegos S. Martinho.
Filho de Luísa Gonçalves Lima, foi com sua avó materna, em Galegos Santa Maria, que aprendeu a trabalhar no barro, ajudando a modelar pequenas peças de figurado para vender na feira de Barcelos. Aos doze anos, já criava os seus próprios trabalhos, simples e pouco elaborados, mas com grande aceitação por parte do público.
Cedo foi vender para as feiras, primeiro como empregado, depois por conta própria.
Casou em 1944 com Virgínia Coelho Esteves, com quem teve doze filhos, mas apenas o Manuel e o Francisco mantém o interesse pelo artesanato figurativo, sendo os herdeiros directos da marca "Mistério".
Matanças de porcos, juntas de bois, animais, santos populares, músicos, alminhas, presépios, diabos, pombais, apitos e rouxinóis são exemplos de algumas das peças elaboradas e produzidas pelo barrista, que conta, no total, com um espólio de centenas de modelos diferentes.
Na sua oficina, situada no lugar de Santo Amaro, Galegos Santa Maria, passaram muitos espanhóis, franceses, holandeses, ingleses, italianos, russos, americanos, japoneses e brasileiros que, atraídos pela arte deste singular e extraordinário artesão, o procuravam para apreciar e adquirir as suas peças.
Aquele menino franzino e débil que sobreviveu, sabe Deus como, aos primeiros tempos da infância, sem que ninguém acreditasse nisso, daí a alcunha de "mistério",tornou-se numa das maiores referências do artesanato de Barcelos e da olaria tradicional portuguesa.
Faleceu em Março de 1995.

Galo de Barcelos

O símbolo máximo de Barcelos e Portugal, nasceu em Galegos Santa Maria pelas mãos do Sr. Domingos Côto, embora não seja unânime esse reconhecimento.
De toda a maneira este modelo, tal como o conhecemos hoje, é fruto da elaboração, requinte e aperfeiçoamento de muitos artistas anónimos que, espalhados por Galegos Santa Maria, Manhente, Tamel S. Veríssimo e Galegos S. Martinho, os produziram em larga escala e desta forma tornaram possível o seu reconhecimento a nível mundial.

20/10/2008

Resultado do Santa Maria F.C. - 19/10/2008

Domingo, 19/10/2008 no Estádio da Devesa, o SMFC recebeu e bateu o Ronfe por 3-1 a contar para a 6ª jornada da Divisão de Honra da A.F. de Braga. Com esta vitória, o SMFC soma 8 pontos, ocupando o 8º lugar na tabela que é liderada pelo Famalicão com 16 pontos. Na próxima jornada, o SMFC desloca-se ao recinto do Torcatense, equipa que se encontra no 6º lugar com 12 pontos.

Porquê este blog?

Quero, essencialmente, dar voz aos factos, acontecimentos e casos que acontecem nesta terra berço da imagem mais emblemática de Portugal, o célebre Galo de Barcelos.
Terra de artesãos, desde sempre ligada aos trabalhos da olaria nas suas diversas formas, foi, e continua a ser, terreno fértil para o aparecimento de verdadeiros artistas oleiros que fazem surgir das suas mãos autênticas maravilhas, peças admiráveis, de cariz rural e de cenas quotidianas do povo simples e trabalhador.
É através da sua arte, primeiro fabricando louça mais grossa com a finalidade de servirem de utensílios domésticos e de cozinha, passando posteriormente para o figurado, estes homens e mulheres souberam dar largas há imaginação e criar, com esforço, dedicação e mestria, fama por esse Portugal fora e até no estrangeiro, prova disso são o Domingos Mistério, Ana Baraça, Domingos Côto, Manuel Macedo, Júlia Côto, Joaquim Esteves, Conceição Sapateiro e outros ainda, filhos ou netos destes artistas que esta terra viu nascer e que por uma ou outra razão tiveram que passar a viver em freguesias vizinhas.
Quero, ainda, fazer deste um elo de ligação com todos aqueles que aqui nasceram, mas que, infelizmente, tiveram que partir para outros países para fazer face à vida. Será um trabalho por amor a esta terra que me viu nascer e criar, mas principalmente uma janela para todos aqueles que quiserem saber como correm as coisas por aqui.
Sei que algumas coisas passarão em claro, mas no essencial o que for importante cá estará: política, religião, cultura, desporto, social e até história.
Por agora é tudo, aos poucos e com a ajuda de todos, faremos história.