Eu digo NÃO!

Em defesa da língua portuguesa, o autor deste blogue não adopta o "acordo ortográfico" de 1990 por este ser inconsistente, incongruente e inconstitucional, para além de, comprovadamente, ser causa de crescente iliteracia em publicações oficiais e privadas, na imprensa e na população em geral.


29/09/2009

Artesão Manuel Macedo.

(imagem picada daqui)
Tudo começa com um rolo de barro. A partir daí…
Manuel Gonçalves de Macedo, nasceu em 1950 numa das terras do barro e dos grandes artesãos. É em Galegos Santa Maria, onde o espaço físico é a inspiração da riqueza natural e patrimonial, que este arquitecto do barro dá vida e forma às suas personagens. Tendo nascido no seio de uma família com pergaminhos no trabalho do barro, aprendendo os segredos da arte com a tia, Ana Baraça, Manuel Macedo, precocemente, revela uma grande apetência pelas formas de expressão artística.
Após criar a sua própria empresa de peças em molde, à qual ficou ligado grande parte da sua vida, foi na década de 80 que decidiu concentrar-se numa actividade mais criativa e pessoal.
Apesar do artesanato fazer parte de si há mais de 25 anos, o seu talento permaneceu escondido nas prateleiras da sua oficina até 1998, altura em que uma das suas peças participou no concurso dos 700 anos da Cidade de Barcelos. Cláudia Milhazes, à altura conservadora do Museu da Olaria de Barcelos, reconhecendo um talento invulgar neste artesão, incentivou-o a aperfeiçoar a sua arte e a levar além fronteiras a cultura popular portuguesa. Todavia, é, apenas, em 2001, que Manuel Macedo consegue atingir a verdadeira notoriedade com a conquista do 1º prémio na Feira Internacional de Artesanato, em Lisboa. A “Desfolhada Minhota”, peça com a qual ganhou esta mostra de artesanato, vincou uma mudança na visão de uma região, habituada à forma tosca e ingénua do figurado.
Em 2008, inserido no Salão de Artigos Religiosos, vence o II Concurso de Novos Criadores de Arte Sacra com a peça "Jesus com os seus amigos", onde nos revela uma confraternização totalmente diferente das versões clássicas. Jesus Cristo surge numa amena brincadeira com os seus Discípulos, que são apresentados desde a perspectiva da profissão de cada um.
«O meu propósito foi fazer uma coisa diferente. E como gosto muito de estar sempre a inovar e como nunca tinha visto uma representação de Jesus Cristo a brincar com os seus Apóstolos, surgiu-me a ideia de os representar nas suas profissões», explica.
Deste modo, através da sua genialidade, Manuel Macedo vem participando em inúmeras feiras de artesanato nacionais e internacionais e exposições, nas quais tem sido, frequentemente premiado.
Manuel Macedo é um perfeccionista. De suas mãos saem verdadeiras obras-primas “arquitectónicas” que do barro apenas têm o material. Na verdade, ao observarmos as suas peças, constatamos um distanciamento fascinante face ao artesanato característico desta região. A forma como este barrista trabalha as suas personagens, o toque minucioso dos pormenores, a perfeição do acabamento, fazendo de cada peça uma obra-prima, transportam Manuel Macedo para o papel de arauto de uma nova geração de artesãos barcelenses, que os críticos consideram como uma brisa renovada no figurado português.
Ele consegue. Magistralmente, utilizando apenas as mãos e palhetas imprimir movimento às suas peças, desenhar a forma natural das “cousas”, os gestos, os olhares, os sorrisos, criando, por cada um de nós, uma personagem real.
Do trabalho de Manuel Macedo emerge o verdadeiro espírito de um artista, como se de um destino se tratasse. Com este talento, o destino de sucesso é cúmplice e este artesão tem-no … sem dúvida alguma!
A sua obra baseia-se, sobretudo, numa recolha incessante do património cultural minhoto.
Desde figuras como as minhotas, gentes do campo, profissões que marcaram o dia-a-dia da região, ofícios já desaparecidos ou em vias de extinção (lavadeira, moleiro, engraxador, homem a lavrar) e santos populares, Manuel Macedo preocupa-se em registar um Minho tradicional, eternizando-o no barro.
Num Minho caracterizado pelas cores do campo, existem, também, nas peças de Manuel Macedo retratos coloridos e brilhantes, com feições bem definidas, da vida quotidiana como a desfolhada, a vindima, o namoro e as ceifadas. E é no olhar esbugalhado de cada uma das suas figuras que está cravado o seu nome: Manuel Macedo!

2 comentários:

Anónimo disse...

PARABENS MANUEL, é um exemplo bem vivo da nossa terra, força e continua com essa dedicação a trabalhar o barro.
Um bem haja

Anónimo disse...

Faria
Parabéns M.Macedo, é com agrado que vejo o teu trabalho ser reconhecido.Bem haja para ti, e continua a demonstrar o teu valor como bom artesão que és!!
António Faria