Eu digo NÃO!

Em defesa da língua portuguesa, o autor deste blogue não adopta o "acordo ortográfico" de 1990 por este ser inconsistente, incongruente e inconstitucional, para além de, comprovadamente, ser causa de crescente iliteracia em publicações oficiais e privadas, na imprensa e na população em geral.


08/04/2009

Conceição Sapateiro.

(imagem retirada daqui)
Conceição Sapateiro nasceu a 2 de Março de 1952, em Galegos de Santa Maria, lugar de Portela. É filha de Maria de Lurdes Alves Macedo e Joaquim Araújo Fernandes. O pai era sapateiro e a mãe, como nasceu no barro, cresceu a trabalhá-lo, mas nunca se dedicou a cem por cento à actividade de barrista porque não dava para alimentar os onze filhos. E foi assim que os filhos cresceram entre sapatos e barro. Havia "disputas" entre os irmãos para ver quem melhor fazia as pitinhas ou outras figuras. Desta forma, Conceição Sapateiro foi aprendendo a sua arte. Maria da Conceição Alves Fernandes, o seu nome verdadeiro, casou aos 23 anos e partiu para Espanha com o marido, onde permaneceu durante 20 anos, trabalhando sempre nas áreas da cerâmica e porcelana. Teve quatro filhos, uma vida de altos e baixos, de muita luta e trabalho. Como tudo tem um fim, Conceição voltou à terra, voltou para o barro. Gosta de moldar todo o tipo de peças, mas as suas preferidas são as Virgens. Faz vidrados e pintados. Pintados porque é de Galegos de Santa Maria e, ali, a tradição é o pintado, as cores berrantes. Vidrados por que vive em Areias S. Vicente, terra do seu marido, que também trabalha o barro e tem na sua família tradições barristas. O marido rompeu os pés chamando o gado para amassar o barro, como se fazia antigamente. Conceição lembra-se da sua bisavó a trabalhar à roda como os homens. "Ela puxava e aparelhava o barro, começava e acabava a peça na roda". Por isso, no seu local de trabalho, Conceição Sapateiro mantém uma roda para não deixar morrer essa tradição. É uma homenagem aos seus antepassados, uma forma de lembrar todos os barristas. A mãe da Conceição Sapateiro é conhecida por Lurdes Vigo, mas Conceição assina Sapateiro porque sempre foi conhecida por ser a filha do Sapateiro, não da Lurdes do Vigo. "Eu sou conhecida pela Sapateira, é uma homenagem ao meu pai. Sapateiros, em barro, moldei alguns. O primeiro chorei ao fazê-lo".A barrista tem em exposição Cristos, presépios, santos populares, ceias, lava pés, bombeiros, as várias profissões, galos e galinhas e a cruz, distinguida em primeiro lugar pelo Prémio Nacional de Artesanato, no ano de 1995. Tem também em exposição uma peça muito curiosa, uma novidade. Trata-se de uma peça que representa as tradições de Galegos de Santa Maria e Areias S. Vicente. Mostra o trabalho na roda, o vergar o barro, o pintar a louça regional e o forno de cozer.Peças dispostas em cores variadas, onde predominam os verdes e os azuis, talvez uma influência do seu passado em Espanha, onde conviveu com as cores utilizadas na porcelana. Conceição Sapateiro acredita que tudo é uma mistura de experiências, vivências e imaginação que, todos os dias, se transformam em objectos de barro.

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