De seu nome verdadeiro, João Domingos da Rocha, nasceu em 1877, em Galegos Santa Maria, e a ele se atribui a elaboração do primeiro exemplar do célebre Galo de Barcelos, embora esta teoria não seja unânime.
Era filho de João Baptista da Rocha e de Ana da Rocha, iniciando-se cedo na arte da olaria e do figurado. Aos 21 anos de idade casou com Emília Maria de Faria, com quem teve oito filhos. Rosa, João e António "Côto" seguiram-lhes as pisadas. Este grande nome do artesanato barcelense morreu, aos 71 anos, a 1 de Maio de 1959.
Clã "Côto":
Rosa Faria da Rocha, vulgo Rosa "Côto", nasceu em Galegos Santa Maria, a 24 de Maio de 1901. Filha de Domingos "Côto", cedo se deixou seduzir pelos encantos do barro. Inicialmente, o figurado desta, pautava-se pela simplicidade, representando quadros usuais do dia-a-dia. Foram, porém, os "gigantones" e os "taralhotos" - peças com certas excentricidades - que a celebrizaram e lhe deram reconhecimento público.
A sua arte valeu-lhe várias distinções em feiras de artesanato por todo o País. Faleceu, aos 81 anos, a 30 de Janeiro de 1983. Legou para a eternidade um património memorável e contribuiu sobremaneira para o simbolismo da arte popular barcelense.
João "Côto", João Faria da Rocha, nasceu a 10 de Agosto de 1912, em Galegos Santa Maria. A arte de moldar o barro herdou-a dos seus pais. Aos 15 anos, tornou-se rodista, ofício que exerceu durante vários anos. Começou por fazer peças de cariz utilitário, como era tradição na altura, aventurando-se, mais tarde, na feitura de galos. Em 1976, passou a dedicar-se ao figurado, modelando situações do quotidiano, reflexo da sua simples forma de viver.
As alminhas, os apitos e as juntas de bois fizeram de João "Côto" um dos artesãos mais distintos da sua geração. Faleceu a 19 de Novembro de 2001, deixando para a posteridade um importante legado artesanal.
António "Côto" ou António Faria da Rocha, nasceu no dia 15 de Maio de 1913, na freguesia de Galegos Santa Maria. Tal como os irmãos, herdou o talento dos pais, iniciando-se nestas lides em tenra idade. Enquanto principiante da arte, ajudava na modelação de louça à roda e de pequenas peças de figurado. Infusas, cântaros e canecas são alguns exemplos característicos da olaria rústica, o tipo de artesanato que melhor fazia. Casou com Maria "Sineta" - outra ilustre artista do panorama artesanal barcelense - António "Côto", também ajudava a esposa na produção de figurado. Mais tarde, deu forma a uma série de criações próprias ao nível do figurado. Sucumbiu em pleno brotar do Outono, a 24 de Setembro de 2000.
Analfabeta, mas com uma imaginação prodigiosa, Júlia "Côto" aprendeu a assinar as suas peças, com um "JC", com uma senhora de Barcelos. (Re)cria o mundo ao seu jeito com pedaços de barro há mais de sessenta anos. Nascida em finais da década de 30, do século XX, em Galegos Santa Maria, filha de Rosa "Côto", cedo se iniciou nas lides da cerâmica, começando a "estragar" barro aos 9 anos, como ela própria relembra. Começou por ajudar a moldar alguns acrescentos, como sapatos ou corninhos, para as peças da mãe. Mais tarde, depois de casada, trabalhou durante um ano numa fábrica, onde se dedicava à pintura de galos. Convidada pelos pais para trabalhar com eles, foi a partir daí que começou a ganhar o gosto pela arte. Religiosa assumida, a artesã diz que foi Deus que a iluminou e lhe deu forças para continuar com o encargo que sobre si recaiu quando sua mãe faleceu e teve de assumir as rédeas do negócio familiar. "Era a minha missão" considera.
Júlia "Côto" desenvolveu um estilo de figurado muito particular, dando corpo a um "mundo fantástico, alegre e colorido", traços que caracterizam precisamente a sua personalidade. Diz ser uma mulher "autêntica, divertida e aberta".
Das peças que faz, as bonecas são as preferidas, adorando pintá-las. Destas, a que lhe deu mais prazer fazer, e que não vende por dinheiro nenhum, é a "Boneca Peixeira", criada já há sete anos, com cerca de meio metro, é a sua menina-dos-olhos.
Mas nem só de bonecas vive Júlia: galos, galinhas, diabos, bandas de música, santos populares, deuses, cabeçudos, juntas de bois, casal de noivos, entre outras, também fazem parte do espólio da ceramista.
O seu maior desgosto é não ter quem lhe queira seguir as pisadas neste ofício, "mas o que é que eu vou fazer?!", interroga-se.
(Excertos de uma reportagens do Barcelos Popular)